Taxonomia, características e alimentação
Os Tentilhões-comuns que nidificam em Portugal pertencem à subespécie Fringilla coelebs balearica enquanto as populações invernantes pertencem à subespécie Fringilla coelebs coelebs. Com um comprimento aproximado a 15 centímetros, o macho, muito vistoso durante a primavera, possui a cabeça e a nuca de um azul esverdeado e o peito de um castanho encarniçado. O colorido da fêmea é pouco distintivo. Ambos os sexos apresentam uma dupla faixa branca nas asas e a mitra verde azeitona. Na época de acasalamento o macho apresenta o bico azul. O Tentilhão-comum alimenta-se, sobretudo, de sementes diversas e de invertebrados.
Biologia da reprodução
O Canto do Tentilhão-comum começa a fazer-se ouvir a partir dos finais de fevereiro, sempre com a mesma estrofe. Na sua estrutura, o canto desta ave é inato, embora ela o possa alterar com outros sons que, entretanto, foi aprendendo, originando dialetos locais!
O ninho do Tentilhão-comum, quase sempre feito só pela fêmea, é uma autêntica obra de arte! Normalmente construído entre os 2 a 6 metros de altura, entre a bifurcação dos ramos de uma árvore ou de um arbusto, tem a forma de uma tigela funda, dissimulado exteriormente por musgo e líquen, enquanto o seu interior se encontra delicadamente revestido de pelos e penas macias. Permanece ainda um enigma como é que, quase sempre com tão poucos meios, pode surgir um ninho tão artístico!
Os ovos têm também um desenho artístico, com uma auréola dispersa, as chamadas queimaduras. A biologia da sua reprodução, em Portugal, ainda não foi bem estudada, mas sabe-se que, na Europa, a espécie cria geralmente 2 vezes por ano, de abril a junho, embora a postura da primavera se perca quase sempre por razões ainda não completamente esclarecidas. Cada postura é composta por 3 a 6 ovos que são quase sempre chocados somente pela fêmea, durante 10 a 16 dias. As crias estão aptas a voar passados 11 a 18 dias.
Curiosidades
No século XIX chegou a haver concursos de canto entre Tentilhões machos. Nalguns sítios chegou mesmo a ser um desporto popular, havendo criadores destas aves que sabiam diferenciar um sem número de cantos diferentes, a que davam nomes distintos. Nesses concursos, as gaiolas, com as aves dentro, cantando, eram tapadas com um pano e depois aproximadas umas das outras, lentamente. A ave, sentindo o seu rival a aproximar-se, instintivamente aumentava a cadência e a potência do seu canto. Um após outro, com o passar do tempo, iam desistindo e o último a fazê-lo era considerado o vencedor!
Movimentos e fenologia
A fenologia do Tentilhão-comum em Portugal é bastante complexa, por ocorrerem diferentes populações migradoras. Também pouco se sabe sobre os movimentos efetuados pelas populações nidificantes. As populações invernantes são oriundas, sobretudo, do Norte e do Leste da Europa.