Taxonomia, características e alimentação
Em Portugal ocorre a subespécie nominal, ou seja, a Sylvia melanocephala melanocephala. A Fulecra é uma pequena ave com cerca de 13 centímetros de comprimento. O anel ocular é nu e marcadamente vermelho. No macho, o preto da cabeça prolonga-se até à parte de baixo do bico. As costas são de um cinzento-escuro e a cauda é preta, com exceção das retrizes exteriores. Quando está poisada na vertical levanta levemente a cauda. A plumagem da fêmea é semelhante à do macho; porém é mais cinzenta e tem uma menor riqueza de contrastes. A melhor altura de a diferenciar do macho é quando estão juntos a defender o ninho ou quando alternam na procura de alimentos.
O seu grito de alarme, "tschet-tschet-tschet", soa de uma forma declamada, fazendo lembrar o da Carriça-das-moitas (Troglodytes troglodytes).
A sua alimentação é baseada em insetos, tendo bagas silvestres como complemento.
Biologia da reprodução.
O canto desta ave pode ser ouvido a partir de janeiro. Contudo, a maior parte dos machos inicia o seu canto com mais regularidade a partir de março.
O ninho, bastante sólido e cuidadosamente revestido, é construído a partir de março ou abril, em moitas muito densas e a uma altura raramente superior a 1,5 metros. Os ovos, 4 ou 5, são postos com 1 dia de intervalo e bastante variáveis quanto à cor básica e ao desenho. Têm, quase sempre, manchas de um castanho-acinzentado sobre um fundo que vai do verde-azeitona ao branco-esverdeado ou mesmo ao branco. As posturas são, provavelmente, duas. O que se sabe ao certo é que podem fazer uma postura de recurso no caso de se perder a primeira.
O choco dura entre 12 a 15 dias, sendo essa tarefa desempenhada conjuntamente pelo casal, bem como o da alimentação dos filhotes. Estes estão prontos a voar ao fim de 12 ou 13 dias.
Movimentos e fenologia
Na região natural da Fulecra a temperatura habitualmente não desce para valores negativos, o que permite a esta espécie permanecer todo o ano como uma ave sedentária. Apesar de tudo, uma parte destas aves, talvez os últimos filhotes a nascer, partem em direção ao Sul e aparecem no Sara Central, onde passam o inverno nas montanhas do Hoggar, chegando mesmo a ir ainda mais para o Sul, para as savanas da África Tropical. Não são conhecidos casos de aves anilhadas no estrangeiro e recuperadas em Portugal.